Thursday, November 6, 2008

Fim da Época das Flores.

Eu sou a figura dos dedos dormentes,
dos dedos entrelaçados, sou do peito machucado.
Sou a figura da boca que inventa entre dentes.

Eu sou o fantasma do dissabor
com um leve semblante daquele outrora amante
da vida, e que hoje é estupor.

Eu a contenho, eu pertenço à maquinaria
da desinvenção, eu alimento a deserção
de tudo o que eu mesmo faria.

Eu sou o corpo deitado mudo,
Aquele que você vê à porta, atropelado pela horda
sou eu, meu próprio escudo.

Se enviar-me uma carta e não responder,
por favor, não se surpreenda, ocupado que estou
numa coleta de razões para não morrer.

Rafael Lemos. 01-11-'08


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