Cantiga de Domingo
"Hoje é domingo.
Pé de cachimbo.
O cachimbo é de ouro,
Bate no touro.
O touro é valente,
Bate na gente.
A gente é fraca,
Cai no buraco.
O buraco é fundo,
Acabou-se o mundo".
Mas que era o mundo?
Meu
Seu
Nosso?
De todo mundo?
O que era o mundo?
Já acabou-se?
Mas eu ainda nem comecei...
Aaaaah o mundo.
Abre-se a torneira
pútrea
Do tempo,
E ele escorre.
E o domingo também segue,
Preguiçoso.
O cachimbo horroroso fede ainda em minha penteadeira
Não é de ouro, nem de madeira...
O touro descansa doente do tempo que não entende...
Arde, lhe é latente.
Mas não mais bate na gente.
A gente se bate, se acaba. (nem precisa de touro)
O povo, o povo é a porrada.
Mas leva do que bate.
Contudo bate.
Sabe-se lá em que... talvez em si próprio.
O buraco.
O buraco é o tempo.
O tempo é tudo.
Somos nós no buraco do mundo.
O vazio do tudo.
O teu segundo e meu imenso tudo: nada... nada.
(porcaria nenhuma)
Enquanto
Corre lá fora, sem medo.
( e quem sabe, sem mundo...)
O mundo.
Estranho e imundo: da gente.
(Tradicional/Diego Knack - para ArbitraryNotes, na promessa de textos mais consistentes em uma próxima vez)
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